Gestora prevê alcançar capacidade instalada de cerca de 200 Megawatt-pico (MWp) em 24 meses com a construção de 35 a 40 usinas solares.
Atenta ao crescimento e aos ganhos da geração distribuída (GD), o Pátria anunciou o início da operação da Élis Energia, plataforma de energia renovável que desenvolve e opera projetos solares no Brasil. Com investimentos de até US$ 120 milhões do fundo Pátria Infraestrutura IV, a Élis prevê alcançar capacidade instalada de cerca de 200 Megawatt-pico (MWp) em 24 meses com a construção de 35 a 40 usinas solares.
As unidades serão distribuídas em sete estados do Centro-Oeste e Nordeste. A estratégia é o fornecimento de energia elétrica a partir de ativos de projetos solares para comercializadoras, em contratos de longo prazo.
O Pátria atua no setor elétrico com usinas de grande porte por meio da Essentia Energia, especificamente no mercado livre. Mas o crescimento exponencial da geração distribuída chamou atenção da gestora, em boa medida pelas vantagens dos subsídios que garantiram gratuidade, até 2045, no uso da rede das distribuidoras, a Tusd, para empreendimentos que pediram conexão à rede elétrica até 6 de janeiro de 2023.
O presidente da Élis Energia, Pierre-Yves Mourgue, explica que objetivo é entrar no mercado de baixa tensão, via geração distribuída, com foco em desenvolver, implantar, operar e financiar as unidades de até 5 MW para consumidores mais pulverizados.
O primeiro contrato da Élis Energia foi assinado com a Evolua Energia, empresa que também atua em geração distribuída, para fornecer até 80 MWac (ou cerca de 110 MWp) de capacidade instalada. O acordo envolve a compra de 40 MWac de energia pela Evolua por 20 anos e com opção por mais 40 MWac. A Élis Energia também fechou a contratação com a Safira Energia para fornecimento de 20 MWac.
“A geração distribuída é cada vez mais para clientes B2B e B2C de pequeno porte e vamos interagir de maneira indireta. Somos uma empresa de infraestrutura e não vamos entrar na comercialização de energia. Nossa responsabilidade será entregar a energia na rede da concessionária e nossos clientes, que atuam com GD compartilhada, que estão capturando e fazendo a gestão dos clientes”, diz.
Desta maneira, as parceiras ficam responsáveis pela gestão e captação de clientes, além dos custos com digitalização e marketing. A Élis será a geradora da energia. A implantação de todas as usinas deve acontecer até o fim do ano com previsão que todas estejam operando até o fim de 2024 para conseguir se enquadrar na janela regulatória e garantir o desconto pelo uso da rede de distribuição.
“O investimento é do fundo de infraestrutura, de US$ 120 milhões, que será completado por dívidas que a nossa estrutura financeira está montando, porque os 200 MWp terão um investimento total de pouco mais de R$ 1 bilhão, entre equity e dívida”, afirma.
O executivo conta que está em negociação com outras empresas de comercialização de energia para futuros contratos, com perspectiva de cobrir o total da sua capacidade prevista. A empresa tem mais de 400 MWp de projetos protocolados, mas tem ciência de que nem todos sairão do papel por conta do prazo apertado para garantir a isenção total do desconto.
Entretanto, há uma tentativa do setor solar no Congresso em prorrogar o subsídio por mais seis meses, o que, segundo Mourgue, seria uma chance de reavaliar a meta para cima e inserir mais projetos no portfólio, já que o modelo de negócio se tornaria mais atrativo. “Será a oportunidade de implantar mais projetos. Se isso acontecer, temos uma janela de mais seis meses para aumentar o objetivo de 200 MWp que nos foi fixado pelo comitê de investimento do Pátria, sabendo que a capacidade da gestora em mobilizar recursos mostra que não teremos problemas em investir mais”, finaliza.
Por Robson Rodrigues — De São Paulo
13/02/2023 05h01
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/02/13/patria-cria-plataforma-para-atuar-em-geracao-distribuida.ghtml